quarta-feira, 31 de março de 2010

Evolução do Ser




Estar aqui
Inteira
Ser em cada  momento
O que preciso
Vir a ser
O que necessito

Esse ser em constante mutação
Não instável, mas em eterna busca

A cada sorriso
A cada lágrima
Um novo recomeço

Fortelecida a base
Os vôos se tornam mais altos
E o limite...
...é o céu


Ianê Mello

domingo, 28 de março de 2010

Preenchendo o vazio





Estranho esse vazio
que por vezes me acompanha
Vazio de palavras a escrever
Tento em vão e nada me vem
Escrever sobre o quê?
Quantas vezes escrevemos
por mero hábito
e esse ato nos faz falta
deixando um vazio que nos parece
que nada mais preencherá

E aqui estou eu
a escrever sobre esse vazio
e, de repente, o vazio se preenche
de letras, de palavras, de algo
Se faz sentido ou não
não importa
a necessidade é maior
Perdoem-me a falta de jeito,
a falta de assunto,
de algo que realmente valha
essas linhas que traço
Essa vontade de dizer
mesmo sem saber bem o que
me causa certo embaraço
Agora que meu desejo acalmei
deixo à vocês meu silêncio
e em mim, me calo...



Ianê Mello

quinta-feira, 25 de março de 2010

Revelação Poética



Pintura: Sr. do Vale " A Pérola da Poesia "



O quanto a mente pode imaginar
diante de visão tão surreal
Quantos caminhos a percorrer
no vale da criação
Em suas cores tão vivas
Nas imagens que se sobrepõem
compondo uma estória inimaginável
Esta a beleza da  poesia
descobrir a pérola na ostra
e trazê-la à luz dos nossos olhos
Criar a partir de algo abstrato
um significado para quem o lê

A mulher que alça voo
lançando-se na escuridão
Um casal a queimar de paixão
no enlace de seus corpos
A sombra e a luz,
os contrários expostos
O Yin e o Yang,
masculino e feminino,
complementando-se num mesmo universo
O TAO em sua manifestação
Universo em expansão
Numa explosão de matizes
Numa mistura de sensações
A morte e a vida
numa só pulsação


Ianê Mello


quarta-feira, 24 de março de 2010

O Ébrio - Triste Fim






Quando teu olhar parado, vidrado, estático
se perder num ponto obscuro extasiado
diferença não fará, pois a luz não vês há muito
Tudo o que vês a tua frente é um copo de bebida 
numa suja mesa de bar
E tudo que gritas é quando se esvazia o copo
"Garçom, mais uma dose..."
E assim passas os dias,
assim os dias passam...
Se queres seguir tua vida no ócio,
na compaixão por ti mesmo,
entregues a manhãs inúteis,
tardes quentes e noites sombrias...
Noites repletas de orgias
Fiques só... e que teu silêncio te complete
e que tua presença te baste
e que as prostitutas te satisfaçam à exaustão
Fiques só com tua solidão,
com tua falta de sentido,
tua ausência de razão
Com teus rumores e gemidos,
com teu esgar de sorriso
Um espectro te tornaste,
homem, não és mais não!
És um trapo, um fiasco, um lixo humano
Com os ratos aprendestes a viver na sargeta
Nem sentes mais o cheiro do esgoto
e tua cama é a calçada forrada de jornais 
Vives de restos de pão, de migalhas,
da compaixão dos que passam
Como um ébrio que só reconhece a bebida
vives pela vida cambaleando,
nos escombros, nos bordéis, pelas ruas
Em tuas entranhas o sexo 
é o que te faz acordar
e dele fazes uso sem precaução, sem restrição
Teu corpo não te pertence mais
Da vida só te resta a morte
pois morto já estás em vida


Ianê Mello 




segunda-feira, 22 de março de 2010

O Renascer da Fênix


Retira o véu do medo
que sua alma encobre,
deixando cair por terra
a dor do pranto,
revelando enfim o seu segredo,
desvendando a angústia de quem morre.

Lágrimas a correr sobre a dura face
turvam a visão dos olhos já cansados,
trazendo consigo a beleza de quem nasce
corajosamente por caminhos já traçados.

Recupera em seu olhar o brilho vivo
dos tempos da criança de outrora.
Recupera em tempo o juízo
antes que passada seja a hora.

Encontre em sua vida sentido e razão
para viver seus dias intensamente.
No calor de seu corpo sinta a paixão
como o vento que sopra docemente.

Encontre-se no olhar que hoje fita
nem que seja por um momento breve.
Busca o humano que em você habita
tornando seu fardo bem mais leve.

Ianê Mello


sábado, 20 de março de 2010

Solidão em Versos





















Sinto em minh'alma a solidão
Encontro de quem busca a si mesmo
Momentos interiores compartilhados,
em minhas noites insones,
com meu único conselheiro,
onde  minha cabeça repousa
em busca de merecido descanso

Há tantas palavras a dizer
mas não sei de que forma expressá-las
Sentimentos em turbilhão
transformam-se em pura emoção
no papel branco que espera
paciente, receptivo e imparcial

Nele registro meus temores,
minhas angústias, meus dissabores
Palavras que não verbalizo,
sentimentos que não expresso,
no papel se tornam versos
Talvez quem os leia compreenda,
talvez partilhe as mesmas emoções
Talvez não, quem sabe...

Escrevo como quem se expõe,
alma aberta em ferida,
marcas de toda uma vida
Pedaços arrancados de mim



Ianê Mello



Republicado para Fábrica de Letras.


A Reformadora do Mundo





É, nem sempre é fácil sorrir. Quando se olha à volta e se vê desesperança.
Num mendigo caído na rua ou num choro fraco de uma criança que tem fome.
Não, não é fácil sorrir, quando se vê tantas guerras, discórdias, fome, desabrigo, falta de amor.
Não, não é nada fácil sorrir quando o sol se levanta e o corpo ainda dorme e a vontade é de ficar, bem encolhidinha na cama quente.
Quando a vida nos chama e não queremos ouví-la, pois ainda não estamos preparados para enfrentar mais um dia. Preferimos, então, fechar os olhos e fingir que ainda é noite, que podemos simplesmente voltar a dormir em paz.
Ah... a cama ainda é o melhor lugar para o derrame das lágrimas que escorrem pela face, mornas, encharcando o travesseiro.
Por que tanta dor vem de dentro, das entranhas esse lamento lento, que parece não ter fim?
Será que sou eu que sou sensível demais?
Será que sou eu que sou assim e não consigo ter paz?
Não, calma, não sou inocente assim, nem poderia mais na minha idade. 
Já me fiz essas perguntas sim, mas quando era uma criança e me achava diferente das demais. E quando chorava sozinha encolhida no cantinho do meu quarto.
Claro que não sou só eu, eu sei...
Seria preciso que só eu fosse humana, perdida entre humanóides insensíveis.
Mas me lembro que quando criança às vezes voltava pra casa chorando. Muitas vezes...
Minha mãe perguntava o porquê, meio que sem interesse, e eu dizia que vira um cachorro abandonado ou uma criança faminta na beira da calçada ou um mendigo na sarjeta ou, quem sabe ainda um bêbado cambaleante encharcado de cachaça.
Ela sorria e dizia, com certao imaciência: Você quer ser a "Reformadora do Mundo"?
"Reformadora do Mundo", eu? O que será isso?
Então, resolvi perguntá-la e ela me disse de forma simples que é alguém que quer mudar as coisas que acha erradas no mundo.
Então, nesse momento uma luz brilhou em meus olhinhos infantis e eu disse: Quero, sim!
Com veemência.
Ela sorriu de novo e respondeu: Você nunca vai conseguir mudar as coisas. Elas são assim porque tem que ser. Você só vai  é sofrer.
Minha cabeça rodou com essa resposta inesperada; fiquei confusa. Duvidei que ela estivesse certa.
O tempo foi passando, a vida foi passando e eu fui crescendo e com o crescimento o  amadurecimento foi chegando, o que é natural.
Compreendi, então, o que minha mãe quis dizer.
Compreendi a grandeza de minha utopia. O meu sonho, minha fantasia.
Eu... uma pequena garotinha.
A vontade de reformar o mundo, em mim nunca morreu.
Hoje, sei o quanto é difícil mudar até a própria vida, quanto mais mudar o mundo!
Sei que é imposível destruir o mal, pois se existe o mal é porque existe, em contrapartida, o bem. A vida é feita de opostos, não é mesmo?
Sendo assim, vivo minha vida do jeito que posso, então ... sobrevivo e convivo com as minhas dores, que não são só minhas, são dores do mundo.
Não vou dizer que não sofra mais, que tenha perdido a sensibilidade da infância, que tenha se esvaído a vontade de fazer algo pra ajudar a mudar o mundo, mas não volto mais pra casa chorando, quase todos os dias.
Lembro-me de uma frase de Che Guevara, da qual gosto muito: " Há que endurecer sem perder a ternura".
E é isso que a vida faz, nos prepara para conviver com as dores, para sobreviver à elas e se não tivermos forças pra suportá-las, pereceremos. Precisamos muitas vezes endurecer nossos corações por uma questão de sobrevivência, mas a nossa essência permanece em nós.
Acredito que a nossa essência, realmente, não muda.
Assim, a minha continua a mesma, apenas aprendi a conviver com ela e com os sentimentos que ela me traz.


Ianê Mello

Ouça: Kitaro "Planet"

quinta-feira, 18 de março de 2010

Abstrato x Concreto


    Pintura: Sr. do Vale " Abstração"


O poder que a abstração exerce
em nossa mente inquieta
Logo se quer tornar concreto
o que abstrato está
A razão nos faz querer a tudo decifrar
Mas que graça pode haver
se a graça está no mistério,
nas interpretações diversas,
na imaginação a correr a solta
Existe coisa mais abstrata
do que nossa concreta vida?

Ianê Mello




Pessoas Altivas




Não suporto a altivez
que certas pessoas possuem
Aos outros não dão a vez
e sempre que podem os excluem

Empinam o nariz, olham de cima
E se acham maiorais
Para elas sempre estão acima
da maioria dos  pobres mortais

Se sentem sempre no direito 
de  desrespeitar os demais
E quando com elas isso é feito
sentem-se vítimas, nada mais

Pessoas cheias de caras e bocas
fazem de tudo pra chamar a atenção
Falam, riem alto, passam-se até por loucas
Mas dos refletores fazem questão

Obstinadas por sua própria imagem
Um ego que dentro de si não cabe 
Elas não tem é coragem
de mostrarem que nem tudo sabem

No fundo, se sentem é inferiores
e a empáfia é sua arma de defesa
Assim vencem seus próprios temores
Fazendo-se de realeza


Ianê Mello

terça-feira, 16 de março de 2010

A mão do Amor

 

Pintura de Sr. do Vale "A COR DO EFANTE DE DAY"


Essa mão estendida
Doce mão que dá guarida
Dela escorre mel
Doce mão que afaga
Doce mão que apaga
da mente a mágoa
Que sente a textura da pele
Seja ela macia ou áspera
Mão que acaricia suavemente
com sutileza de movimentos
com intensidade no tocar
e ao mesmo tempo com leveza
Mão que sente na ponta dos dedos
a pele que toca com doçura
Seja homem ou animal
Pequeno ou grande
Feio ou bonito
Bom ou mau
Por ela tocado
sente-se abençoado,
nutre-se de amor
...e adormece mansamente.



Ianê Mello



A Moça na Janela



Vejo a moça na janela
Olhos negros e atentos
Seu olhar  tudo observa
o que lá fora acontece
O menino a andar de bicicleta,
a mulher a ler sentada num banco de jardim,
o pipoqueiro vendendo pipoca,
a criançada a correr e a gritar

A moça de negros olhos,
através da janela
descortinava o mundo
e parecia lhe bastar
Dessa forma ela se sentia parte
desses acontecimentos
muito embora deles, 
na verdade, não participasse

Essa moça de negros olhos
vivia a vida ao seu alcance
através da estreita janela
Ela via a vida passar
Esse era o seu mundo
até onde sua vista alcançava

Ninguém a reparava
tão imóvel ela ficava
A esquadria de madeira da janela,
da antiga casa em que morava,
emoldurava seu pálido rosto
como se fosse um quadro
pintado por artista talentoso

Era bela em seus finos traços
Cabelos negros e longos
Pele alva como a neve
e seus olhos....
ah, seus olhos...
negros como o mar profundo


Ianê Mello

domingo, 14 de março de 2010

A Poeta Cora Coralina - artigo na Revista Aquiles

Leiam a Revista Aquiles.

A Poeta Cora Coralina postado em 07 de março.

Nova revista cultural criada dor Eduardo Marculino.

Membros:Elson Leandro, Marcia Elizier, Austri Junior e  Ianê Rubens de Mello
                                 
 

                               



Plenitude do Ser





Entre o céu e o mar
habita em mim o desejo
de meu corpo libertar
das amarras que o prendem
fincando seus pés na terra
impedindo-o de voar

Minha alma libertar...
Como Ícaro, criar asas
para com sabedoria planar
Nem muito perto do sol
para minhas asas não derreter
Nem tão próximo ao mar
pois em  suas densas águas
poderia naufragar

A busca do perfeito equilíbrio
entre espírito e matéria
que move a humanidade
desde a sua criação
nos faz crer na possibilidade
de na alma encontrar
a verdadeira  libertação

Mas o corpo que habitamos
em vida, nossa prisão
pelos sentidos mantida,
é  também nossa morada,
nosso abrigo nesta vida
para uma alma elevada


Há que se ter discernimento
para a harmonia encontrar
entre os desejos do corpo,
vontades de navegar
e os proclames da alma
querendo se libertar

Na vida haverá o momento
de viver em plenitude
Corpo e alma irmanados
Fraternalmente ligados
em perfeita completude


Ianê Mello

Diálogos Poéticos - Desafio Poético

Pintura: Boy Viewing Mt. Fuji (1830) – Katsushika Hokusai



" Todo escritor precisa de paz para sangrar"

Fabrício Carpinejar



Convido-os a refletir sobre esse pensamento e expressar suas emoções.

OBS: Não aqui, dirijam-se aos " Diálogos Poéticos".

Grande beijo.



sábado, 13 de março de 2010

Visitem " Diálogos Poéticos".

Camille Claudel "La Implorante"


Visitem " Diálogos Poéticos " e leiam minha poesia " La Implorante " de Camille Claudel ( inspirada na escultura)

Além disso, tem várias poesias dos nossos colaboradores.
Vale conferir.
Grande Beijo.


Um Ser no Universo

Pintura de Van Gogh - Starry Night Over the Rhone




É noite...
As estrelas brilham no céu
Observo as constelações
A lua, branca e altiva, resplandece
Uma belísima noite enluarada!
Me indago sobre quem sou eu
nesse vasto universo
Que lugar ocupo nessa imensidão
Eu, daqui, me sinto tão pequena
Abraçada por esse infinito céu tão vasto
e ao mesmo tempo que acolhida,
meio perdida diante de tamanha manifestação
Sentimentos contraditórios
que me invadem e me fazem refletir
Quem sou?
Qual o meu real papel nesse Universo?
Por quê estou aqui?
Para quê aqui estou?
E a noite, alheia à minhas indagações,
se faz cada vez mais bela
Independente de mim, do meu sentir
o céu lá estará grandiosamente azul
As estrelas continuarão a brilhar
e a lua... ah...a lua talvez sorria de mim.


Ianê Mello




Meu amigo Leonardo B me fez lembrar essa linda canção
" Starry, starry nigtht" de Don Mac Lean( versão traduzida)








quarta-feira, 10 de março de 2010

Homenagem do amigo Leonardo B.



                                          Para Ianê Mello, com toda a amizade que  o Atlântico possa conter


É na volta do vento que adormeço


Ainda podiam nas minhas mãos
Nascer sobreiros rasurados, de
Planta, de estreita rua onde antes era
O traço firme e agora, a sombra
Desgastada.

Podia ser, nem que fosse por um dia!

Podiam haver estrelas picotadas
Num céu azul quase de papel.
Podiam haver breves poças de água
mo ilhas nesse mar. Podia
Um estaleiro dentro de mim,
Remendar as velas, as veias, os nadas
O cru perfume duma pele
Desgastada.

Podiam haver nas palavras encarnadas,
Na borda duma letra encardida, 
Um fino espelho polido
Onde a minha única sombra, um reflexo
Rasurado, excesso de digna cinza,
Podia entre as minhas mãos; aconteceriam
Como um fino fio em forma de nascente
Arbusto, linha de vida e valado,
Irreparável madrugada, osso comum
Da tristeza, em espírito
Desgastado.

Podia ser, nem que fosse por um dia!
- É na volta do vento que adormeço,
E o meu corpo, sem terra
Sem fogo, sem nuvem, sem cais,
Lamento, meu corpo sem mim
Não é nada!

Colmela Velho, 10 de Março

|imagem: reincido em Dunjic Vladimir, Aequilibrium!|



Convite ao blog " Meus Vídeo-poemas"


 



Convido-os a visitar " Meus  Vídeo-poemas", que alguns já conhecem, outros não.
Hoje há uma postagem lá que considero bastante especial.
Espero por vocês.

Grande beijo.

terça-feira, 9 de março de 2010

Homenagem Recebida pelo Dia Internacional da Mulher



Coragem




Mulher: - desafias o próprio norte;
Derramas, ao redor, tua energia,
Fazes da noite o teu próprio dia;
Circula nas tuas veias o plasma forte.

Dás muito de ti, e, desafias a morte;
Não ignoras teus momentos de agonia;
Defendes, rude, tua idiossincrasia,
Nem te entregas à própria sorte.

Curvo-me para ti, alma de gigante,
E sigo os teus passos itinerantes;
Deus conhece a boa filha que tu és!

Nasceste para conter o rumor,
Conheço bem o grau do teu amor;
Incontinenti beijo os teus pés!...


Machado de Carlos



Homenagem recebida do amigo Machado de Carlos que estendo com meu carinho à todas as mulheres. 


segunda-feira, 8 de março de 2010

Homenagem à Mulher

 

Em homenagem à mulher, me utilizo das sábias palavras de Anais Nin

 


"Um homem jamais pode entender o tipo de solidão que uma mulher experimenta. 
Um homem se deita sobre o útero da mulher apenas para se fortalecer, ele se nutre desta fusão, se ergue e vai ao mundo, a seu trabalho, a sua batalha, sua arte.
Ele não é solitário. Ele é ocupado. 
A memória de nadar no líquido aminótico lhe dá energia, completude.
A mulher pode ser ocupada também, mas ela se sente vazia. 
Sensualidade para ela não é apenas uma onda de prazer em que ela se banhou, uma carga elétrica de prazer no contato com outra. 
Quando o homem se deita sobre o útero dela, ela é preenchida, cada ato de amor, ter o homem dentro dela, um ato de nascer e renascer, carregar uma criança e carregar um homem. 
Toda vez que o homem deita em seu útero se renova no desejo de agir, de ser.
Mas para uma mulher, o climax não é o nascimento, mas o momento em que o homem descansa dentro dela."
Anais Nin

Parabéns à nós mulheres, pela nossa garra, força e coragem!
Com meu carinho à todas que daqui participam como amigas e leitoras.

 Ianê Mello


A Esfinge




Saber-se é preciso
Viver é impreciso
Estar, Ser no mundo
demanda coragem
Ousadia de viver
É para quem se busca
com olhos de águia
sem medo de se descobrir
É para quem não tem medo da dor
É para quem sabe se doar ao amor
Saber-se é preciso
Seu lugar, seu espaço,
sua essência, sua alma,
seus desejos, seus limites
Viver é impreciso
Cada instante uma surpresa,
um sobressalto
Às vezes é preciso saber olhar
lá do alto,
como uma águia alçar vôo,
mudar a perspectiva, o plano
A vida é uma caixinha de surpresas
Nunca se sabe o que se vai encontrar ao abrí-la
Mas é preciso procurar a cada dia
decifrar os seus mistérios
Pois como a esfinge egípcia,
assim é a vida e esse desafio nos lança:
"- Decifra-me ou te devoro! "


Ianê Mello





domingo, 7 de março de 2010

Dor da Alma

 



Sinto que me perdi de mim
e não me encontro mais
Quanto mais mergulho em mim
maior o mar da minha solidão
Não há o que aplacar essa dor
Não há o que preencher esse vazio
Estou só... completamente só...
Nem eu mesma me acompanho
e essa é minha pior solidão
Escrevo palavras nesse papel em branco
São minhas lágrimas que choram
Palavras feitas de lágrimas,
movidas pela dor que desconheço,
apenas a faço sentir em meu corpo
De onde vem, como vem, por que vem?
Que dor é essa tão lancinante?
Vem do peito aprisionado,
da garganta  estrangulada
pelo verbo que se cala
Ah...queria poder falar, queria poder gritar!...
mas o grito é aprisionado na garganta
Só me resta esse branco papel
para derramar minhas lágrimas de sangue.


Ianê Mello