O quanto a mente pode imaginar diante de visão tão surreal Quantos caminhos a percorrer no vale da criação Em suas cores tão vivas Nas imagens que se sobrepõem compondo uma estória inimaginável Esta a beleza da poesia descobrir a pérola na ostra e trazê-la à luz dos nossos olhos Criar a partir de algo abstrato um significado para quem o lê
A mulher que alça voo lançando-se na escuridão Um casal a queimar de paixão no enlace de seus corpos A sombra e a luz, os contrários expostos O Yin e o Yang, masculino e feminino, complementando-se num mesmo universo O TAO em sua manifestação Universo em expansão Numa explosão de matizes Numa mistura de sensações A morte e a vida numa só pulsação
Retira o véu do medo que sua alma encobre, deixando cair por terra a dor do pranto, revelando enfim o seu segredo, desvendando a angústia de quem morre.
Lágrimas a correr sobre a dura face turvam a visão dos olhos já cansados, trazendo consigo a beleza de quem nasce corajosamente por caminhos já traçados.
Recupera em seu olhar o brilho vivo dos tempos da criança de outrora. Recupera em tempo o juízo antes que passada seja a hora.
Encontre em sua vida sentido e razão para viver seus dias intensamente. No calor de seu corpo sinta a paixão como o vento que sopra docemente.
Encontre-se no olhar que hoje fita nem que seja por um momento breve. Busca o humano que em você habita tornando seu fardo bem mais leve.
É, nem sempre é fácil sorrir. Quando se olha à volta e se vê desesperança.
Num mendigo caído na rua ou num choro fraco de uma criança que tem fome.
Não, não é fácil sorrir, quando se vê tantas guerras, discórdias, fome, desabrigo, falta de amor.
Não, não é nada fácil sorrir quando o sol se levanta e o corpo ainda dorme e a vontade é de ficar, bem encolhidinha na cama quente.
Quando a vida nos chama e não queremos ouví-la, pois ainda não estamos preparados para enfrentar mais um dia. Preferimos, então, fechar os olhos e fingir que ainda é noite, que podemos simplesmente voltar a dormir em paz.
Ah... a cama ainda é o melhor lugar para o derrame das lágrimas que escorrem pela face, mornas, encharcando o travesseiro.
Por que tanta dor vem de dentro, das entranhas esse lamento lento, que parece não ter fim?
Será que sou eu que sou sensível demais?
Será que sou eu que sou assim e não consigo ter paz?
Não, calma, não sou inocente assim, nem poderia mais na minha idade.
Já me fiz essas perguntas sim, mas quando era uma criança e me achava diferente das demais. E quando chorava sozinha encolhida no cantinho do meu quarto.
Claro que não sou só eu, eu sei...
Seria preciso que só eu fosse humana, perdida entre humanóides insensíveis.
Mas me lembro que quando criança às vezes voltava pra casa chorando. Muitas vezes...
Minha mãe perguntava o porquê, meio que sem interesse, e eu dizia que vira um cachorro abandonado ou uma criança faminta na beira da calçada ou um mendigo na sarjeta ou, quem sabe ainda um bêbado cambaleante encharcado de cachaça.
Ela sorria e dizia, com certao imaciência: Você quer ser a "Reformadora do Mundo"?
"Reformadora do Mundo", eu? O que será isso?
Então, resolvi perguntá-la e ela me disse de forma simples que é alguém que quer mudar as coisas que acha erradas no mundo.
Então, nesse momento uma luz brilhou em meus olhinhos infantis e eu disse: Quero, sim!
Com veemência.
Ela sorriu de novo e respondeu: Você nunca vai conseguir mudar as coisas. Elas são assim porque tem que ser. Você só vai é sofrer.
Minha cabeça rodou com essa resposta inesperada; fiquei confusa. Duvidei que ela estivesse certa.
O tempo foi passando, a vida foi passando e eu fui crescendo e com o crescimento o amadurecimento foi chegando, o que é natural.
Compreendi, então, o que minha mãe quis dizer.
Compreendi a grandeza de minha utopia. O meu sonho, minha fantasia.
Eu... uma pequena garotinha.
A vontade de reformar o mundo, em mim nunca morreu.
Hoje, sei o quanto é difícil mudar até a própria vida, quanto mais mudar o mundo!
Sei que é imposível destruir o mal, pois se existe o mal é porque existe, em contrapartida, o bem. A vida é feita de opostos, não é mesmo?
Sendo assim, vivo minha vida do jeito que posso, então ... sobrevivo e convivo com as minhas dores, que não são só minhas, são dores do mundo.
Não vou dizer que não sofra mais, que tenha perdido a sensibilidade da infância, que tenha se esvaído a vontade de fazer algo pra ajudar a mudar o mundo, mas não volto mais pra casa chorando, quase todos os dias.
Lembro-me de uma frase de Che Guevara, da qual gosto muito: " Há que endurecer sem perder a ternura".
E é isso que a vida faz, nos prepara para conviver com as dores, para sobreviver à elas e se não tivermos forças pra suportá-las, pereceremos. Precisamos muitas vezes endurecer nossos corações por uma questão de sobrevivência, mas a nossa essência permanece em nós.
Acredito que a nossa essência, realmente, não muda.
Assim, a minha continua a mesma, apenas aprendi a conviver com ela e com os sentimentos que ela me traz.
O poder que a abstração exerce em nossa mente inquieta Logo se quer tornar concreto o que abstrato está A razão nos faz querer a tudo decifrar Mas que graça pode haver se a graça está no mistério, nas interpretações diversas, na imaginação a correr a solta Existe coisa mais abstrata do que nossa concreta vida?
Entre o céu e o mar
habita em mim o desejo
de meu corpo libertar
das amarras que o prendem
fincando seus pés na terra
impedindo-o de voar
Minha alma libertar...
Como Ícaro, criar asas
para com sabedoria planar
Nem muito perto do sol
para minhas asas não derreter
Nem tão próximo ao mar
pois em suas densas águas
poderia naufragar
A busca do perfeito equilíbrio
entre espírito e matéria
que move a humanidade
desde a sua criação
nos faz crer na possibilidade
de na alma encontrar
a verdadeira libertação
Mas o corpo que habitamos
em vida, nossa prisão
pelos sentidos mantida,
é também nossa morada,
nosso abrigo nesta vida
para uma alma elevada
Há que se ter discernimento
para a harmonia encontrar
entre os desejos do corpo,
vontades de navegar
e os proclames da alma
querendo se libertar
Na vida haverá o momento
de viver em plenitude
Corpo e alma irmanados
Fraternalmente ligados
em perfeita completude
Em homenagem à mulher, me utilizo das sábias palavras de Anais Nin
"Um homem jamais pode entender o tipo de solidão que uma mulher experimenta. Um homem se deita sobre o útero da mulher apenas para se fortalecer, ele se nutre desta fusão, se ergue e vai ao mundo, a seu trabalho, a sua batalha, sua arte. Ele não é solitário. Ele é ocupado. A memória de nadar no líquido aminótico lhe dá energia, completude. A mulher pode ser ocupada também, mas ela se sente vazia. Sensualidade para ela não é apenas uma onda de prazer em que ela se banhou, uma carga elétrica de prazer no contato com outra. Quando o homem se deita sobre o útero dela, ela é preenchida, cada ato de amor, ter o homem dentro dela, um ato de nascer e renascer, carregar uma criança e carregar um homem. Toda vez que o homem deita em seu útero se renova no desejo de agir, de ser. Mas para uma mulher, o climax não é o nascimento, mas o momento em que o homem descansa dentro dela."
Anais Nin
Parabéns à nós mulheres, pela nossa garra, força e coragem!
Com meu carinho à todas que daqui participam como amigas e leitoras.