domingo, 24 de julho de 2011

NUM DIA DE DOMINGO COMO QUALQUER OUTRO





Não sei como explicar o que sinto hoje. É domingo, será por isso? Nunca gostei muito desse dia, é bem verdade. Acordei tarde, meio que sem vontade de levantar da cama, mas isso já virou rotina. Tomei meu café. Depois, liguei o computador, que acaba se tornando um vício. Naveguei na internet, no facebook, li  postagens, respondi e postei algumas. Em determinada hora almocei, sem muita vontade e voltei para o computador. Fiquei nele mais nem sei quanto tempo. As costas e os dedos começaram a doer . Não tinha mais posição.
Saí do computador, pois não aguentava mais e liguei a televisão. Assisti a dois seriados seguidos, coisa que não é meu costume. Nos dois haviam ocorrências de morte. Crimes a serem desvendados, onde qualquer um podia ser o culpado. Crimes movidos por raiva, inveja, traição... cometidos por mentes doentias. Realidade mais crua do que essa, impossível. A vida humana totalmente desvalorizada. 
E qual o significado da vida para muitas pessoas? Algo de real importância e valor? Algo a ser preservado e cuidado? Há pessoas que a começar por si mesmas demonstram não dar importância a vida. Não se cuidam. Bebem demais, comem demais, trabalham demais, se drogam ou abusam de barbitúricos. Assim levam a vida e por vezes antecipam sua ida. Mas existem coisas além destas que falei, sem dúvida, que também indicam uma desvalorização da própria vida.  
O comodismo é uma delas. Pessoas que vivem presas a situações que lhe causam desconforto, infelicidade, desprazer. Se entregam a rotina, a mesmice por não encontrarem forças para mudar. O novo realmente assusta e pode parecer incrível que prefiram continuar infelizes a investir numa mudança. Claro, para mudar é preciso ousar e para isso é necessário sair da sua zona de conforto. Entenda-se por zona de conforto a situação a qual a pessoa já se acostumou, já é sua conhecida. Mudar exige muito esforço e o esforço maior é a transformação interior. A mudança tem que vir de dentro para fora. Não há como modificar o externo sem lidarmos com nossas próprias atitudes, conceitos, valores, medos; sem questionarmos a nós mesmos. Tudo o que fazemos nessa vida tem suas consequências: lei da ação e reação. Portanto, somos os responsáveis pela nossa própria vida. Não adianta culpar o outro. Arranjar bodes expiatórios é muito fácil. A grande dificuldade é olharmos para dentro de nós mesmos. É convivermos com nossos próprios erros. É conseguirmos nos enxergar como somos de fato e não a imagem que passamos para o outro e com a qual, muitas vezes, tentamos ludibriar a nós mesmos.  
Como é doloroso sentir-se só, mesmo que rodeada de pessoas. Cada qual é um ser único, com suas preferências, com sua linguagem. Como por vezes é difícil o diálogo! Parece que falamos línguas diferentes, que não há compreensão. Estrangeiros, é como nos sentimos, em nosso próprio país. E como explicar para o outro ao seu lado essa angústia que lhe assola, que machuca por dentro. Talvez seja melhor o silêncio, o voltar-se para dentro. O medo de falar e ser mal interpretado leva ao silêncio, mas e quando o silêncio pesa, torna-se demais para suportar. O que fazer? Escrever, escrever, escrever... 
Um poema, um conto, uma crônica, não importa o rótulo que possa ser dado, para você é um desabafo, uma catarse que vem do fundo de sua alma. Pode não resolver por completo, mas dá um alívio imediato. Como um remédio que se toma e não cura, mas apenas ameniza a dor, servindo de paliativo. 
O problema continua a existir e vai gritar dentro de você até que você um dia acorde, porque procurar a cura para a doença é  nosso dever e responsabilidade. A escolha é nossa. Conviver com a doença, tomando um remedinho para aliviar quando a dor vem forte ou descobrir o que nos causa essa doença e como podemos efetivamente tratá-la.
Afinal, a vida é nossa, de mais ninguém e nós escolhemos como vivê-la.



Ianê Mello


Crédito da imagem: google

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