quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

NO LIMIAR COM CORVOS




  
Absinto
sinto
abstenho
tenho
em mim
dentro
sinto
calo
consinto
reparo
comparo
paro


me abstenho do ter
me abstenho do sentir
me abstenho...


sinto que calo
sinto que consinto
reparo, comparo, paro


corroído pela dor e pelo vício
abstenho-me da vida num suplício
dou a ela o fim que me cabe
nos campos de trigo em que sorvi
um último vislumbre de beleza
em meu próprio peito com destreza
abrevio essa solitária existência
na tristeza que se eterniza
num último suspiro




Ianê Mello


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Poema inspirado em  Vincent Van Gogh - Pintura Campo de trigo com corvos

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