quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

APÁTRIDA





vilipendiada
largada na vida
ovelha desgarrada

um corte
um suporte
um quase nada

jogada na lama
usada na cama
cigana na vida

vagueando pelo mundo
errante na estrada
nômade de mim

sem paradeiro
sem porto
apátrida

em meu corpo estrangeira
retirante no tempo
emigrante fugidia

do amor não nascida
parida por descuido
pela mãe enjeitada

na morte encontro alívio
pressinto sua chegada
sem resistência me entrego

há muito por ela ansiava
vez que dessa parca vida
não esperava mais nada





Ianê Mello



(15.01.13)



*

Fotografia de Amber Ortolano

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