Que a palavra adentre o verso
em suaves movimentos
em suaves movimentos
sem requintes, nem propósitos
pura e simplesmente escoe
como a fina areia de uma ampulheta
como a fina areia de uma ampulheta
escorre sutilmente e sem pressa
Que a palavra entre como o vento
pelas frestas da janela entreaberta
e se acomode sobre as mobílias
formando uma fina camada de pó
formando uma fina camada de pó
encontrando seu lugar e seu momento
na casa da memória e do esquecimento
Que a palavra nos tome de surpresa
e se encaixe no quebra-cabeças
revelando todos os sentidos ocultos
todos os mistérios do não dito
todos os mistérios do não dito
nesse silêncio que cobre distâncias
nessa fera que habita o desconhecido
Que a palavra brilhe em súbito reconhecimento
como um eco sempre ouvido mas distante
como tudo que começa sem aviso
como tudo que começa sem aviso
como o amor que de repente chega
sem que sequer se perceba quando
sem que sequer se perceba quando
sem que se saiba onde estava guardado
Ianê Mello
(09.01.13)
*
Pintura de autoria desconhecida
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