segunda-feira, 4 de março de 2013

CAMINHO SOLITÁRIO




Não valho o prato que como
a cama em que me deito
a mulher que beijo

Não, não valho nem mesmo
essa furtiva lágrima
que de tua face escorre

Não mereço tampouco
o amor que se revela
em prantos de dor sentidos

nas noites escurecidas sem lua,
na  bruma em que te escondes,
tímida e tristonha a minha espera

Não valho a paixão que te consome
ardendo em tuas entranhas a ferida
nos dias que se perdem solitários

Não, não mereço teu amor tão puro
tua doação sem medidas
o resguardo de teu corpo para meu deleite

Por isso te peço agora
tomado por remorso e
num rasgo de consciência

deixa-me sozinho
em meu próprio enredo
na vida que escolhi e vivo só


Ianê Mello


(01.03.13)

*

Arte de Igor Morski.

5 comentários:

Lídia Borges disse...


O sujeito lírico pede à amada que se retire, que o deixe só, mas subentende-se, por meio da sua auto-condenação, que o que quer é ajuda. Na verdade é o perdão que pede sem que sequer o perceba.


Um beijo

Ianê Mello disse...

Olá, Lidia!
Todo poema está sujeito a diversas interpretações. Gostei da leitura que você fez do poema.
Obrigada por sua presença. Volte sempre!
Bjs.

Edson Felizardo disse...

Seus versos roçaram
a pele da minh'alma
tanto se trançaram que
profundo dela entraram!

bjs!
a quadrinha é a confissão do que seu poema me causou ao lê-lo..

Ianê Mello disse...

Fico muito feliz com sua leitura sensível do meu poema, amigo Edson. Obrigada. Bjs.

Paulo Knop disse...

Ola,poetisa. Lindo, isto é noite, fiel e adorável companheira.
Arte interessando. Quantas vezes vezes nos encontramos sozinho, despidos de nos mesmo.