sexta-feira, 7 de março de 2014

CAMINHO SEM VOLTA




Eu tentei
juro que tentei

percorri espaços
amparei abraços
calei sons

transpus limites
venci caprichos
acatei palavras

sussurrei amores
espantei temores
...
em vão

eu tentei
eu juro  que tentei

mas a carne é fraca
o limite é tênue
a paixão vadia

o sentir tão vão
a cama tão fria
a língua tão áspera

mas eu tentei
eu juro

abri mão da solidão
enterrei meus pés no chão
cavei um poço sem fim

mergulhei pra dentro
bem fundo  tão fundo
me perdi em mim

não fuji
não menti
não trai

e agora
o que faço
com esse imenso cansaço?

não sei como voltar
não posso mais ficar

meus passos 
se perderam
no caminho


Ianê Mello
(07.03.14)

* Fotografia de Anka  Zhuravleva






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